quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Artistas lamentam saída de Luciana

Publicado em 04.01.2011

Afastada da Fundarpe por problemas políticos, presidente da instituição tem apoio de vários setores da produção artística de Pernambuco

A presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Luciana Azevedo, roubou a cena na cerimônia de transmissão do cargo de secretário de Cultura de Ariano Suassuna para Fernando Duarte, ontem, às 16h, na Secretaria de Cultura. Durante a solenidade, ela ficou comovida ao ouvir uma declaração de amor de Ariano, que deixa a pasta para assumir a Secretaria Especial da Assessoria do Governador. Emocionada, Luciana ganhou elogios acerca da política cultural que desenvolveu em sua gestão. Para ela, a sensação que fica é de dever cumprido. “Todo esse reconhecimento revela que fiz um bom trabalho”, afirmou.

Segundo Ariano, o trabalho da presidente da Fundarpe não só foi bom, como fundamental. “Sem a organização de Luciana, sem sua habilidade visionária, que se verifica, por exemplo, nos 12 pontos que implantou para interiorização da cultura no Estado, minha gestão como secretário de Cultura não teria sido possível”, falou. Em que foi reiterado por Fernando Duarte, que se mostrou impressionado com a política pública que encontrou e com o planejamento da gestora. “Está tudo muito bem sistematizado. Luciana, como arquiteta, deixou uma planta pronta para mim. O que eu preciso e vou fazer é continuar essa construção”, disse.

Para os representantes da classe artística, ela foi uma das melhores gestoras da instituição, pela capacidade de articulação política, pela grande ampliação do orçamento do Funcultura, pela determinação em promover ações em todo o território pernambucano e pela democratização da gestão. Entre os artistas que consideram a saída de Luciana Azevedo uma perda para a política cultural está a atriz e produtora Paula de Renor. “Ela não é uma pessoa de cultura, mas é uma arquiteta da política cultural, o que fez com que assimilasse as necessidades do Estado. Tem grande poder de articulação e inteligência, conseguindo ajudar vários setores da cultura. Além disso, teve importante papel na democratização da distribuição das verbas públicas, associando os recursos a editais e ao Funcultura, ampliando o acesso para os artista e fomentando a produção”, ressalta. Paula conclui seu pensamento desejando que o próximo presidente dê continuidade ao trabalho da antecessora. “Vai demorar muito tempo para que uma pessoa faça o que ela conseguiu”.

Às opiniões de Paula, soma-se o pensamento da produtora cultural Andrea Mota, para quem a passagem de Luciana pela Fundarpe foi um marco para o Estado de Pernambuco. “Lamento a saída dela, que é uma grande articulista. Em outras gestões, nunca vi acontecer uma consulta tão intensa às várias vertentes artísticas que compõem a cultura pernambucana. Seu trabalho foi uma construção coletiva com a sociedade civil”, pontua Andrea.

Pedro Salustiano, filho do mestre Salustiano, bailarino da equipe do secretário Ariano Suassuna e proprietário da Casa da Rabeca, ainda acrescenta mais um ponto positivo ao trabalho da presidente da Fundarpe: a ênfase na cultura popular. “É uma perda muito grande, porque ela deu grande destaque aos artistas populares. Queria que ela permanecesse mais uns 20 anos no cargo. Não estou falando como produtor ou funcionário do Estado, mas como artista. Luciana valorizou todos os grupos populares com cachês dignos, isso eu digo com toda a convicção. Também com o intercâmbio de grupos entre cidades, de Petrolina para o Recife, de Salgueiro para Olinda, coisas que nunca existiram”, considera Pedro.

O músico Rogerman também considera uma pena a saída de Luciana da Fundarpe. “Particularmente, não tenho condições de avaliar toda a gestão, porque passei dois anos em São Paulo, período em que também ouvi algumas críticas ao trabalho da Fundarpe, músicos e produtores reclamavam da falta de pagamento. De minha parte, entretanto, não tenho do que reclamar. Ela sempre foi muito solícita e, das vezes em que fui lá, ela chegou a me pedir opinião sobre algumas temas”. Apesar de saber que problemas aconteceram, Rogerman considera que, às vezes, um setor compromete a administração como um todo. “Um degrau da burocracia falha e compromete o resto. O que sei é que ela era sempre muito entusiasmada e eu sempre saí de lá com uma boa impressão”, enfatiza.

O escritor Wellington de Melo, do grupo Urros Masculinos, também acredita que houve muitos avanços na gestão de Luciana. “Agora, eu espero que eles continuem. Mas o caminho que deve ser seguido é sempre o da transparência. Não vejo os problemas como uma responsabilidade dela isoladamente. Existem coisas que precisam ser repensadas no campo administrativo. O desafio do gestor novo é desarticular algumas práticas dos burocratas”, afirma. Apesar de considerar os avanços, Wellington observa que a área de literatura não foi prestigiada no governo. “Como escritor, sinto falta de uma política séria mais voltada para a literatura. A coordenadoria de literatura no Estado inexiste”.

Outros escritor, o jornalista Homero Fonseca, defende a gestão de Luciana Azevedo na Fundarpe. “Ela é uma pessoa correta. Se houve algum problema administrativo, isso será esclarecido. Assinalo que ela desenvolveu um trabalho importante de política cultural para o Estado, inclusive estendendo-a para o interior”, comenta.

O ator e produtor cultural José Pimentel também destaca o trabalho da presidente. “Quanto as denúncias, acho que não se deve julgar agora, pois se trata de um processo ainda em curso. Ela sempre nos ajudou na Paixão de Cristo. Fez um bom trabalho na Fundarpe e não sou eu apenas quem diz, mas qualquer produtor de música, teatro ou cinema, terá a mesma opinião, pode haver uma ou outra opinião discordante”, afirma Pimentel.

O produtor cultural Anselmo Alves, que se queixa do não pagamento de alguns trabalhos realizados para a Fundarpe, também elogia a política cultural da instituição. “Talvez tenha sido a melhor dos últimos tempos. O atraso enorme dos pagamentos para artistas e produtores culturais foi o que enfraqueceu a gestão. Luciana foi bem intencionada, mas faltou ao Governo de Estado liberar dinheiro para pagar aos artistas. É muito fácil desqualificar Luciana Azevedo, mas cadê o dinheiro para ela pagar as pessoas?”, criticou.

O diretor teatral Antonio Cadengue, que acompanhou a confusão pela imprensa, diz que não tem juízo de valor sobre o que conhece do caso. “Espero que a Fundarpe seja cada vez mais transparente. E que seja capaz de efetivar uma política cultural estruturadora”, ressalta.

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