Exposição Kuarup – A última viagem de Orlando Villas Bôas

Talvez se possa afirmar que o coração de Orlando Villas Bôas fosse inteiro de índio. O mais velho dos três irmãos que, nos anos 1940, marcharam rumo ao centro do Brasil para preencher mapas até então em branco, sentiu os primeiros impulsos de revolta logo nas primeiras léguas da expedição Roncador-Xingu. Para os desbravadores de terra contratados pelo governo, índio era empecilho, assim como o eram mata fechada, bicho arisco e rio com piranha. Mas era o homem branco, como iriam ver Orlando e os irmãos Cláudio e Leonardo, o real predador.

A relação de afeto e responsabilidade que Orlando teceu ao longo da vida com as tribos do Alto Xingu, onde deixou como legado o Parque Nacional do Xingu, foi além dele próprio. Pouco meses depois de sua morte (em 2002, aos 88 anos), os índios o homenagearam com o que foi um dos maiores kuarups – ritual que celebra os mortos ilustres indígenas – já feitos. Os registros da festa sem lágrimas e impregnada de cores, feitos pelo fotógrafo Renato Soares, estão reunidos, a partir desta quinta (13), às 19, na exposição Kuarup – A última viagem de Orlando Villas Bôas, na Caixa Cultural, no Marco Zero.

O itinerário da mostra é enriquecido com fotos do acervo pessoal dos Villas Bôas, objetos que pertenceram ao sertanista e um documentário de Maureen Bisilliat, americana que registrou o grandioso kuarup ao caraíba (homem branco). A curadoria é assinada por Denise Carvalho, Gilberto Maringoni e Noel Villas Bôas. O nome do caçula de Orlando é uma homenagem ao médico sanitarista recifense Noel Nutels, que o trouxe à capital pernambucana no final dos anos 1930.

Onde: caixa Cultural no Marco Zero

Até 17 de fevereiro, de terça a sexta, das 12h às 18h; e aos sábados e domingos, das 10h às 18h. 
Entrada franca. Fone: 3425-1900

Fonte:
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/artes-plasticas/noticia/2012/12/13/exposicao-traz-relacao-de-orlando-villas-boas-com-os-indios-66666.php