A trajetória do artista de múltiplos suportes e técnicas, pesquisador de
linguagens e gestor incansável Wilton de Souza vai ocupar um dos espaços
expositivos do Centro Cultural dos Correios Recife a partir de 5 de março de
2013. A exposição Bela Aurora do Recife, que tem Betânia Correa de Araújo como
curadora, percorre os caminhos trilhados pelo artista desde os primeiros
esforços para o ensino informal da arte, o design gráfico e as galerias
particulares nesta cidade. O projeto é patrocinado pelos Correios e Ministério
da Cultura, conta com o apoio do Centro Cultural Correios – Recife e a
realização da Art.Monta Design.
Pintor, gravador, escultor, tapeceiro, cenógrafo, designer. Questionado
sobre com que técnica mais se identifica, Wilton respondeu “Eu sou desenhista,
desenho muito, dou muito traço, risco muito, porque em todo esse traço que sai
é gravada minha espontaneidade, a minha força, meu calor humano, é gravado tudo
nesse trabalho. Eu me sinto muito mais à vontade como desenhista, fazendo as
monotipias”.
Desde os anos 1940, Wilton vem buscando maneiras de se expressar.
Introduzido no mundo das artes plásticas ao lado do irmão Wellington Virgolino,
foi em 1951, com a criação do Atelier Coletivo da Sociedade de Arte Moderna,
que começaram seus experimentos com temas e técnicas que se contrapunham às
ensinadas na Escola de Belas Artes, provocavam elogios e críticas da imprensa,
emocionavam e escandalizavam o público local.
Dez jovens artistas faziam parte da Sociedade de Arte Moderna, entre
eles Abelardo da Hora, Ionaldo, Corbiniano Lins, José Cláudio, Ladjane Bandeira
e Welington Virgolino. Eram conhecidos como os Modernos da Rua Velha, pois era
no número 321 daquela rua que pintavam, faziam esculturas, gravuras, estudavam
e discutiam arte. As paisagens retratadas por eles eram urbanas, os
personagens, da cultura popular. Na gravura de Wilton de Souza se revelava com
maestria o traço rápido, elegante, preciso.
Num tempo em que para se conhecer a produção europeia era necessário
viajar até lá, o Atelier Coletivo começa a cumprir a missão de oferecer os
primeiros cursos livres no Recife, como relembra Wilton de Souza: “A gente
lutava contra o que era ensinado na Escola de Belas Artes. A gente não aceitava
o academicismo. A gente aceitava a liberdade de expressão. Com a criação da
Sociedade de Arte Moderna, a maior meta era criar subsídios para novos
artistas. Começamos a criar cursos de pintura, de desenho. Conseguimos uma sala
no Liceu de Artes e Ofícios para isso”.
Nos anos 1960, seu olhar se volta para a exposição e comercialização da
obra de arte. Com o intuito de promover a sua obra, a do grupo que integrava e
a de novos artistas, administrou as Galerias de Artes Rozenblit, A Bela Aurora
do Recife e a Três Moedas, entre outras. Também costumava agregar obras de arte
aos ambientes que criava na loja de móveis Rozenblit. “Se eu não consigo vender
o meu, eu vendo de outro artista. Eu fico muito satisfeito em vender o trabalho
de um colega. Porque estou incentivando, apoiando um colega. Nosso trabalho
todo é de incentivo a esses artistas”, reflete Wilton.
A experiência com gravura foi fundamental para o trabalho do artista
como ilustrador e designer atuante em importantes espaços no Recife, como a
Editora Universitária e a Gravadora de Discos Rozenblit, onde concebeu mais de
cem capas de livros e discos. Foi no ambiente do design que pode experimentar
outras técnicas de gravura, trazer cores para a monotipia.
Acessibilidade
O projeto expográfico da Bela Aurora do Recife foi pensado em termos de
legibilidade e acessibilidade a todos os públicos. Eduardo Souza, autor do
projeto, pensou nos pontos de vista e movimentos de adultos de pé, cadeirantes
e crianças e se pautou pelas normas da ABNT para projetar os quatro momentos
que mostram diversas facetas de Wilton de Souza. São eles: “O artista”, com
pinturas, gravuras e desenhos; “O Gráfico”, onde serão apresentadas capas de
discos, livros e ilustrações; “O pesquisador”, onde a equipe de mediação vai
experimentar técnicas artísticas desenvolvidas pelo artista; e “O gestor”, com
um vídeo de 12 minutos com depoimentos de intelectuais e artistas sobre a
participação do artista na gestão de espaços importantes para a cena das artes
plásticas em Recife, como as primeiras galerias de arte oficiais do Recife, a
Galeria Recife, a Galeria Rozenblit e na Galeria de Arte Metropolitana do
Recife, atualmente o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, onde até hoje
permanece como um dos gerentes do museu. A exposição ainda contará com o
serviço, via agendamento, de áudio-descrição para deficientes visuais,
desenvolvido pelos especialistas Ernani Ribeiro e Lais Castro.
Sob a coordenação de André Aquino, a ação educativa planejada para a
mediação da exposição vai desenvolver suas atividades pedagógicas em um espaço
preparado dentro da própria exposição, como um pequeno atelier, onde crianças
de escolas públicas e particulares, irão criar desenhos semelhantes aos que o
artista produz e experimentar técnicas de gravura. Para isso, serão utilizados
materiais reciclados e será adotada como temática questões relacionadas ao meio
ambiente. Haverá agendamento de visitas com áudio-descrição para deficientes
visuais.
SERVIÇO
“Bela Aurora do Recife – Exposição Wilton de Souza”
Abertura: 5 de março de 2013
Visitação: 6 de março a 26 de maio de 2013
Agendamento de visitas para escolas e deficientes visuais:agenda_belaaurora@yahoo.com.br
Local: Centro Cultural dos Correios – Recife
Av. Marquês de Olinda, 262 - Bairro do Recife – Recife – PE
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