terça-feira, 12 de março de 2013

Obra de Wilton de Souza é analisada na exposição Bela Aurora do Recife







































A trajetória do artista de múltiplos suportes e técnicas, pesquisador de linguagens e gestor incansável Wilton de Souza vai ocupar um dos espaços expositivos do Centro Cultural dos Correios Recife a partir de 5 de março de 2013. A exposição Bela Aurora do Recife, que tem Betânia Correa de Araújo como curadora, percorre os caminhos trilhados pelo artista desde os primeiros esforços para o ensino informal da arte, o design gráfico e as galerias particulares nesta cidade. O projeto é patrocinado pelos Correios e Ministério da Cultura, conta com o apoio do Centro Cultural Correios – Recife e a realização da Art.Monta Design.
Pintor, gravador, escultor, tapeceiro, cenógrafo, designer. Questionado sobre com que técnica mais se identifica, Wilton respondeu “Eu sou desenhista, desenho muito, dou muito traço, risco muito, porque em todo esse traço que sai é gravada minha espontaneidade, a minha força, meu calor humano, é gravado tudo nesse trabalho. Eu me sinto muito mais à vontade como desenhista, fazendo as monotipias”.
Desde os anos 1940, Wilton vem buscando maneiras de se expressar. Introduzido no mundo das artes plásticas ao lado do irmão Wellington Virgolino, foi em 1951, com a criação do Atelier Coletivo da Sociedade de Arte Moderna, que começaram seus experimentos com temas e técnicas que se contrapunham às ensinadas na Escola de Belas Artes, provocavam elogios e críticas da imprensa, emocionavam e escandalizavam o público local.
Dez jovens artistas faziam parte da Sociedade de Arte Moderna, entre eles Abelardo da Hora, Ionaldo, Corbiniano Lins, José Cláudio, Ladjane Bandeira e Welington Virgolino. Eram conhecidos como os Modernos da Rua Velha, pois era no número 321 daquela rua que pintavam, faziam esculturas, gravuras, estudavam e discutiam arte. As paisagens retratadas por eles eram urbanas, os personagens, da cultura popular. Na gravura de Wilton de Souza se revelava com maestria o traço rápido, elegante, preciso.
Num tempo em que para se conhecer a produção europeia era necessário viajar até lá, o Atelier Coletivo começa a cumprir a missão de oferecer os primeiros cursos livres no Recife, como relembra Wilton de Souza: “A gente lutava contra o que era ensinado na Escola de Belas Artes. A gente não aceitava o academicismo. A gente aceitava a liberdade de expressão. Com a criação da Sociedade de Arte Moderna, a maior meta era criar subsídios para novos artistas. Começamos a criar cursos de pintura, de desenho. Conseguimos uma sala no Liceu de Artes e Ofícios para isso”.
Nos anos 1960, seu olhar se volta para a exposição e comercialização da obra de arte. Com o intuito de promover a sua obra, a do grupo que integrava e a de novos artistas, administrou as Galerias de Artes Rozenblit, A Bela Aurora do Recife e a Três Moedas, entre outras. Também costumava agregar obras de arte aos ambientes que criava na loja de móveis Rozenblit. “Se eu não consigo vender o meu, eu vendo de outro artista. Eu fico muito satisfeito em vender o trabalho de um colega. Porque estou incentivando, apoiando um colega. Nosso trabalho todo é de incentivo a esses artistas”, reflete Wilton.
A experiência com gravura foi fundamental para o trabalho do artista como ilustrador e designer atuante em importantes espaços no Recife, como a Editora Universitária e a Gravadora de Discos Rozenblit, onde concebeu mais de cem capas de livros e discos. Foi no ambiente do design que pode experimentar outras técnicas de gravura, trazer cores para a monotipia.

Acessibilidade

O projeto expográfico da Bela Aurora do Recife foi pensado em termos de legibilidade e acessibilidade a todos os públicos. Eduardo Souza, autor do projeto, pensou nos pontos de vista e movimentos de adultos de pé, cadeirantes e crianças e se pautou pelas normas da ABNT para projetar os quatro momentos que mostram diversas facetas de Wilton de Souza. São eles: “O artista”, com pinturas, gravuras e desenhos; “O Gráfico”, onde serão apresentadas capas de discos, livros e ilustrações; “O pesquisador”, onde a equipe de mediação vai experimentar técnicas artísticas desenvolvidas pelo artista; e “O gestor”, com um vídeo de 12 minutos com depoimentos de intelectuais e artistas sobre a participação do artista na gestão de espaços importantes para a cena das artes plásticas em Recife, como as primeiras galerias de arte oficiais do Recife, a Galeria Recife, a Galeria Rozenblit e na Galeria de Arte Metropolitana do Recife, atualmente o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, onde até hoje permanece como um dos gerentes do museu. A exposição ainda contará com o serviço, via agendamento, de áudio-descrição para deficientes visuais, desenvolvido pelos especialistas Ernani Ribeiro e Lais Castro.
Sob a coordenação de André Aquino, a ação educativa planejada para a mediação da exposição vai desenvolver suas atividades pedagógicas em um espaço preparado dentro da própria exposição, como um pequeno atelier, onde crianças de escolas públicas e particulares, irão criar desenhos semelhantes aos que o artista produz e experimentar técnicas de gravura. Para isso, serão utilizados materiais reciclados e será adotada como temática questões relacionadas ao meio ambiente. Haverá agendamento de visitas com áudio-descrição para deficientes visuais.

SERVIÇO
“Bela Aurora do Recife – Exposição Wilton de Souza”
Abertura: 5 de março de 2013
Visitação: 6 de março a 26 de maio de 2013
Agendamento de visitas para escolas e deficientes visuais:agenda_belaaurora@yahoo.com.br
Local: Centro Cultural dos Correios – Recife
Av. Marquês de Olinda, 262 - Bairro do Recife – Recife – PE

No facebook:
 



Nenhum comentário:

Postar um comentário