sexta-feira, 10 de setembro de 2010

DIAFRAGMA

O diafragma pode ser comparado à íris dos nossos olhos, pela capacidade de controlar a quantidade de luz que atingirá o filme. É uma das ferramentas mais impor­tantes no conjunto de itens que compõem a conspiração fotográfica.

É o diafragma que determina a profundidade de campo, ou seja, quanto de área "focada" teremos entre o primeiro e o último plano da imagem.

O diafragma é composto por um conjunto de lâminas justapostas que, quando estendidas completamente, resultam em um orifício pequeno; por outro lado, quando contraídas com­pletamente, resultam em um orifício grande.

Esse orifício funciona da mesma maneira que uma torneira, quando aber­ta. Ela permite a passagem de uma grande quantidade de água e, quando reduzimos a abertura, a passagem de água também diminui. No nosso caso, trabalhamos com a luminosidade. Por­tanto, quando é aberto o diafragma passa muita luz; da mesma maneira que, ao diminuirmos sua abertura, passa uma menor quantidade de luz.

Diferente da torneira d’ água, a passagem de luz nunca fecha comple­tamente. O orifício do diafragma pro­porciona uma pequena ou uma grande abertura.

A quantidade de luz que passa pelo diafragma é uma das suas carac­terísticas, mas não é a única.

Na verdade, a principal função da ferramenta diafragma é a capacidade de estender o foco à frente ou atrás do assunto principal.

Para entender esse aspecto do diafragma, é preciso entender que o fo­co é um ponto único dentro da imagem fotográfica. Quando apontamos a lente em direção a um determinado assunto e ajustamos o ponto de foco, uma aco­modação dos elementos que compõem a objetiva causam a nitidez desse ponto preciso da imagem.

Cabe à ferramenta diafragma "esticar ou encurtar" a área focada dentro da imagem. Essa área de foco "esticada" é definida pelo valor da abertura do diafragma. A profundidade de campo pode ser usada para atrair a atenção sobre uma pessoa ou área de uma imagem. A aber­tura do diafragma é classificada por uma escala de números chamada números "f".

Número f (função) é o resultado da divisão da distância focal da objetiva pelo valor do diâmetro do orifício do diafragma.

Os números f vão de 1:1. 2, que representa a maior abertura do diafragma, e até 1 :90, que representa a menor abertura do diafragma.

Quando tratamos dos valores de diafragma, podemos usar a referência "pontos". Por exemplo, se estamos uti­lizando um diafragma f 16 e passamos para f 11 significa que abrimos um ponto; ou, ao contrário, se estamos uti­lizando f 11 e passamos para f 22, estamos agora fechando dois pontos de diafragma.

A cada ponto de diafragma que abrimos, a quantidade de luz que chegará ao filme é o dobro da quantidade ante­rior e, por outro lado, a cada ponto que fechamos, a quan­tidade de luz será a metade do anterior.

Essa variação de luminosidade para mais ou para menos que incide sobre o filme poderá ser compensada posterior­ mente pelo tempo do obturador (consulte o capí­tulo sobre obturador para obter mais detalhes).

Como exemplo temos que f 4 contém o dobro de luz def 5.6 ou f 16 tem a metade de luz de f 11.

ESCALAS

A escala completa das aberturas do diafragma é 3. seguinte: 1.2 - 1.4 - 1.8 - 2.0 - 2.8 - 4.0 - 5.6 - 8.0 -11 - 16 - 22 - 32 - 45 - 90, embora as aberturas mais comuns estejam representadas pela escala a seguir.

As objetivas mais comuns encontradas no mer­cado trabalham com uma escala de diafragmas mais reduzida, na qual a abertura máxima oscila entre f 3.5 e f 4 e a abertura mínima está entre f 16 e f 22.

Essa é a escala padrão de números f de diafragmas, mas existem números f

intermediários como, por exemplo, f 3.5, que fica entre os números f 2.8 e f 4.0 ou f 6.7, que fica entre os números f 5.6 e f 8.0.

Essa escala vai, co­mo foi mencionado anteriormente, estabelecer a zona foca­da entre a câmera e o infinito. A área foca­ da será maior, quanto maior for o número f, ou seja, quanto maior o número f, maior será a pro­fundidade de campo.

Vale lembrar: O diafragma exerce duas funções simultâneas no ato da foto. Uma delas refere-se à profundi­dade de campo e a outra à quantidade de luz que atinge o filme. Embora simultâneas, essas funções têm carac­terísticas completamente diferentes.

Para complicar um pouco mais essa estória, os números f que deter­minam os valores de abertura são "invertidos".

Quando utilizamos um número f pequeno (f 3.5, por exemplo) para diminuir a profundidade de campo, a abertura "de fato" é grande, permitin­do uma grande passagem de luz.

Objetivas de espelho oferecem apenas uma abertura fixa de diafragma.

Quando utilizamos um número f grande (f 16, por exemplo) para au­mentar a profundidade de campo, a abertura "de fato" é pequena, per­mitindo uma pequena passagem de luz. portanto, ao decidir pelos nú­meros maiores de diafragma para aumentar a profundidade de campo, estaremos também diminuindo a passagem de luz.

Para compensar o excesso ou a falta de luz, existe uma ferramenta chamada obturador, que abordare­mos no próximo capítulo.

No princípio do aprendizado. Essas questões (número pequeno corresponde a uma grande pas­sagem de luz) podem confundir o fotógrafo, por isso é importante anotar todos os dados da foto que está sendo produzida (valores diafragma/obtu­rador/distância etc.) para melhor compreender essas relações.

Além da luminosidade, as objeti­vas possuem diferentes característi­cas com relação à profundidade de campo.

Limitando a profundidade de campo, você pode criar o foco sele­tivo e, com isso, despertar a atenção do leitor para um ponto especial da imagem. Essa técnica é muito usada na criação de retratos e fotos de moda, mas pode ser usada em qual­quer situação.

A aplicação do foco seletivo requer um correto conhecimento dos fatores que contribuem para a pro­fundidade de campo.

Objetivas do tipo grande angular que possuem uma pequena abertura e plano focal distante produzem longa profundidade de campo.

Teleobjetivas possuem uma gran­de abertura e ponto focal próximo, assim produzem profundidade de campo muito curta. Isso quer dizer que em uma mesma abertura e ponto focal, a grande angular for­nece uma profundidade de campo muito maior do que a teleobjetiva. Uma teleobjetiva permite o uso criativo da profundidade de campo por meio da técnica do foco seletivo.

PLANEJANDO A FOTO.

Uma fotografia pode ser analisada por dois aspectos: aquele de ordem estética, que está relacionado com os ângulos da câmera, a composição dos elementos, os enquadramentos etc. e o de ordem técnica, que diz respeito basicamente à quantidade de luz, que chegará ao filme.

Você deve primeiramente preocupar-se com a plástica da imagem, para em seguida tomá-Ia realidade. Contudo, de nada adianta uma linda composição se não conseguimos enxergar a imagem pela ausência ou excesso de luz.

A realização da imagem pelo aspecto estético e pelo técnico se dará apoiada em três bases: 1) A sensibilidade do filme, 2) A abertura do dia­fragma e 3) A relação velocidade/tempo do obturador.

Na verdade, quando disparamos o botão da câmera em direção a uma cena escolhida, todos os aspectos estarão simultaneamente trabalhando: a escolha do local, o enquadramento e os ajustes de diafragma e obtu­rador vão todos eclodir no momento do clique.

Para facilitar as tomadas de decisão sobre o que ajustar primeiro para que a foto saia perfeita, sugerimos que você se faça as seguintes questões: "COMO EU QUERO ESSA FOTO?"

"O QUE PRETENDO DESTACAR?" (foco seletivo implica em abertura)

"COMO MOSTRAR OS MOVIMENTOS?" (imagem congelada/borrada implica em obturador)

Das três bases, a primeira (sensibilidade do filme) podemos desprezar, já que quando colocamos o filme na câmera não poderemos, a princípio, alterá-Ia. Nos restam, então, as duas ferramentas que tratam da abertura de diafragma e o tempo do obturador.

Para responder à questão mais importante "COMO EU QUERO A MINHA FOTO?", optamos sempre por uma ferramenta que nos define como a imagem ficará, para depois buscar o auxílio da segunda função da ferramenta (quantidade de luz) para a realização da foto.

Você deve sempre eleger uma ferramenta, diafragma ou obturador, para depois conseguir ajuda da outra. A questão estética vem em primeiro

lugar e, em seguida, vem a ação técnica e a realização da imagem.

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